sábado, 9 de abril de 2016

Testemunho de Fé: Exercendo o Cristianismo como o Goleiro de Deus.


Fábio goleiro do Cruzeiro conta seu testemunho de conversão

Muita gente sabe que Fábio Deivson Lopes Maciel, ou simplesmente o goleiro Fábio, é evangélico, mas poucos conhecem como a religião entrou na vida do jogador, justamente na fase mais difícil dele no Cruzeiro.

No dia do aniversário do clube, uma reportagem do programa Globo Esporte relatou esse momento de acordo com amigos e familiares do capitão celeste. O atleta, que levantou as duas últimas taças do Brasileirão, teve dois episódios marcantes, quando a fé influenciou a permanência dele na Toca da Raposa diante de oportunidades concretas de se transferir para o exterior. No primeiro semestre de 2015, Fábio terá a chance de superar a marca do meio-campo Zé Carlos, que disputou 633 jogos pelo Cruzeiro, e se tornar o atleta que mais atuou pela Raposa. Feito inacreditável para quem acompanhou o início da carreira do goleiro.

BOX

Infância e juventude

Fabio nasceu no Mato Grosso, na cidade de Nobres, a 140 km da cidade de Cuiabá, onde viveu até os 12 anos. De Nobres, ele e sua família seguiram para Aparecida do Taboado, no Mato Grosso do Sul, devido a uma transferência de trabalho do seu pai. Na sua infância, enquanto jogava com os colegas de classe, sugeriram que ele buscasse uma vaga na equipe da cidade. Enquanto morava no Mato Grosso, não tinha muito acesso ao futebol, com a televisão geralmente transmitindo uma partida por semana. Os poucos goleiros que conseguia ver, como Taffarel, Zetti,Velloso, e Gilmar, viraram influências em seu estilo de jogo.

Carreira

Em Aparecida do Taboado, em 1993, Fábio teve a oportunidade de disputar um campeonato, onde foi observado pelo time do União Bandeirante. Foi então que recebeu um convite para atuar no Paraná, onde começou sua carreira profissional em 1997. Depois, jogou pelo Atlético Paranaense, onde ganhou o Campeonato Paranaense em 1998. Em 2000 foi emprestado ao Cruzeiro, onde finalmente era alçado ao time principal, fazendo sua estreia em jogo contra o Universal-RJ. O jogador se manteve no Cruzeiro por um ano, sendo reserva do goleiro André e ganhando o título da Copa do Brasil. Quando acabou o empréstimo, voltou ao União, e logo foi para o Vasco. Fábio permaneceu por quatro anos no Vasco, se tornou titular absoluto da equipe em 2002, após a saída de Hélton, e ganhando a Copa João Havelange e a Copa Mercosul em 2000 e o Campeonato Carioca em 2003 (como goleiro titular).

Em 2004, após algumas convocações para a Seleção Brasileira de futebol (como 2º goleiro) para as eliminatórias da copa do mundo FIFA de 2006, o presidente vascaíno Eurico Miranda acusou Fábio de não ter se reapresentado ao time. Bloqueado de jogar no Vasco e impedido pelo regulamento de assinar com outra equipe, Fábio ficou quatro meses parado. Durante o período, negociou seu retorno para o Cruzeiro.

Fabio ré estreou no Cruzeiro em 2005, sob o comando do técnico Levir Culpi. Apesar de precisar voltar à forma após o período parado, voltou a ter boas atuações e já no ano seguinte voltava a ser convocado para a seleção brasileira. Em 2006 também conquistou com o Cruzeiro o título do Campeonato Mineiro e foi destaque do "Troféu Telê Santana" promovido pela TV Alterosa como o melhor jogador de Minas Gerais. Em 2008 voltou a ganhar o título estadual e mais uma vez a premiação de melhor jogador da competição. Em 2009, Fábio conquistou pela terceira vez o título de Campeão Mineiro e foi vice campeão da Copa Libertadores da América. Em 2010, Fábio entrou para a história do Mineirão, tornando-se o terceiro goleiro a gravar suas mãos na Calçada da Fama do estádio, foi laureado com o prêmio Bola de Prata de melhor goleiro da competição, concedido pela revista Placar e conseguiu o feito de ser o segundo goleiro brasileiro a entrar no top 10 de melhores goleiros do mundo.

No dia 8 de fevereiro de 2011, o goleiro Fábio renovou o contrato com o Cruzeiro até 2016 e completou 400 jogos pela equipe do Cruzeiro, contra o Atlético-GO em partida válida pelo Campeonato Brasileiro. Em 2012, foi eleito o camisa 1 do Troféu Telê Santana de 2011. Com a premiação, o atleta se isolou como recordista da premiação, com nove troféus, em 11 participações. No jogo contra a Portuguesa em 5 de julho de 2013, Fábio completou a marca de 500 partidas pelo Cruzeiro e em novembro, sagrou-se campeão brasileiro com o Cruzeiro, com quatro rodadas de antecedência. No dia 7 de agosto de 2014, em entrevista coletiva, Fábio revelou seus planos para encerrar sua carreira em abril de 2016, quando seu contrato com o time mineiro termina. Em 7 de novembro contra o Criciúma, pelo Campeonato Brasileiro, Fábio completou 600 jogos com a camisa do Cruzeiro. Em 23 de novembro, sagrou-se campeão brasileiro com duas rodadas de antecedência e também bateu o recorde da competição (com o time) ao terminar o campeonato com 80 pontos.

Fábio viu suas primeiras convocações para a Seleção Brasileira de Futebol Sub-17 em setembro de 1996. Dois anos depois, foi titular da seleção Sub-20 no Campeonato Mundial de Futebol Sub-20 de 1999. Foi convocado para a seleção principal em dois torneios, ambos como reserva: a Copa das Confederações de 2003, e a Copa América de 2004, a segunda vencida pelo Brasil. No dia 19 de maio de 2011, o goleiro Fabio foi convocado pela primeira vez em cinco anos para a Seleção Brasileira, para disputar os amistosos contra a Romênia e a Holanda.

A conversão

Antes de se tornar evangélico, Fábio era um jovem atleta como dezenas de milhares espalhados pelo mundo. A fama e o dinheiro o levaram para um caminho muito comum aos jogadores de futebol: balada, bebidas e mulheres. Ainda no União Bandeirantes, no Paraná, o jovem goleiro já dava muita importância ao lado social, como conta seu sobrinho Lucas.

– O salário, ele recebia em vale alimentação. Eu me lembro de algumas histórias em que ele reunia a galera toda e torrava tudo em churrasco.

O pastor Jorge Linhares também conta como era o perfil de Fábio antes da conversão.

– Acabava a concentração, ganhou o jogo, a segunda e a terça-feira era para beber. Eu sou o Fábio jovem, aproveitador, caiu na rede é peixe. Vamos beber, vamos farrear. No outro dia, vamos treinar.

A esposa Sandra Maciel, que está com o jogador há quase 20 anos, foi peça fundamental para a mudança. Ela conta que Fábio associava quase tudo ao álcool.

– O Fábio, antes, eu falo que a alegria do meu marido, infelizmente, mesmo sendo um atleta, era a bebida. O Fábio só se alegrava na bebida.

O goleiro se sentiu embriagado pela última vez no dia 29 de abril de 2007. Mas a causa não foi o álcool. Uma mistura de sentimentos no primeiro jogo da final do Campeonato Mineiro, contra o Atlético-MG, fez o goleiro se sentir no fundo do poço. O placar foi de 4 a 0 para o maior rival. Num gol, Fábio acabou levando um chapéu de Danilinho, em outro, cometeu o pênalti. Veio o terceiro, e segundos depois o quarto, talvez o mais marcante da carreira. Fábio ainda buscava a bola no fundo das redes quando a equipe deu nova saída no meio-campo. Vanderlei a recuperou rapidamente, e percebendo o goleiro de costas, mandou para as redes para delírio dos atleticanos que lotavam o Mineirão. Como se não bastasse a participação direta em três gols do rival, Fábio ainda sofreu uma séria contusão no joelho ao se chocar contra a trave. Os médicos previam seis meses longe dos gramados.

– Quando ele machucou o joelho, ele ficou muito preocupado, pensou que era o fim. Perdemos para o Atlético-MG na final por 4 a 0 e foi realmente muito difícil – relembrou Geovanni, ex-jogador do Cruzeiro e amigo pessoal de Fábio.

A dor da contusão se agravou com o sofrimento do mau momento profissional. Com uma imobilização no joelho, Fábio passava o tempo em frente à televisão.

– Ele ficava em casa trocando de canal. Nisso ele parou num programa, e bem na hora o pastor disse que estaria orando para quem estivesse com problema no joelho – narra Sandra.

– Ele estava assistindo um programa de televisão e um pastor estava orando. Ele recebeu aquela oração e sentiu uma espécie de calor no joelho – revela Regis Danese, cantor gospel e amigo de Fábio.

A partir dali, Fábio passou a frequentar a Igreja Batista Getsêmani, na região da Pampulha. Os vícios ficaram para trás e o goleiro passou a viver uma rotina diferente daquela que estava acostumado.

– Depois que ele se converteu, passou a se dedicar mais, passou a ter mais carinho com o corpo, com a parte física, com a família, explica o amigo Renê Salviano.

Contrariando o prognóstico dos médicos, Fábio se recuperou de forma surpreendente da contusão no joelho e voltou a jogar em menos da metade do tempo previsto para a recuperação. Coincidência ou não, desde então, Fábio se tornou ídolo e um nome importante na história do Cruzeiro. Conquistou cinco campeonatos estaduais (2006, 2008, 2009, 2011 e 2014) e dois Brasileiros (2013 e 2014), além de uma Copa do Brasil, em 2000, na primeira passagem dele pela Toca da Raposa, na ocasião, como reserva de André.

– Tudo que ele é e tudo que ele conquistou, veio através da conversão – conclui o sobrinho Lucas.

– O Fábio não jogador é um ser humano exemplar, um cara muito família. Acho o Fábio um cara excelente, destaca Pedro Lourenço de Oliveira, amigo do goleiro.

A paciência do capitão cruzeirense com os fãs é uma característica destacada por vários amigos do jogador.

– Ele é um referencial para as crianças. Quem tem um ídolo vivo, não precisa do Batman, não precisa do Homem-Aranha, não precisa do Capitão América – continuou Oliveira.

A recusa espanhola

A temporada 2007 foi emblemática para o jogador. Depois de todos os percalços na derrota na final do Mineiro, o contrato do goleiro se encerraria em dezembro daquele ano. A transferência para o Osasuña-ESP estava praticamente fechada.

A mulher Sandra conta que a família do goleiro já estava com uma rotina muito mais religiosa, cerca de sete meses após a conversão. Ela viajou ao lado de Fábio e do filho Pablo, para assinar o contrato com o clube espanhol. Sandra e o filho ficaram no hotel, enquanto Fábio foi até o clube assinar a papelada.

– Era coisa de assinar o contrato e ir embora – lembra Sandra.

Mas o que era para ser resolvido em pouco tempo se arrastou por horas. Com voo marcado para voltar ao Brasil, Sandro conta que ligou para Fábio. Ela relembra o diálogo.

– Ele falou: ”Tudo que está aqui no contrato, estou tendo que negociar de novo. Mas calma, que eu já consegui tudo, só está faltando a porcentagem do passe.” Eu perguntei se ele tinha se esquecido do que a gente orou. Ele disse: “Eu me esqueci”. E desligou o telefone.

Depois do fim da ligação, Sandra não esperou muito até que Fábio voltasse até o quarto do hotel. A mulher do goleiro perguntou o que ele havia feito.

– Eu rasguei o contrato – disse Fábio.

Os três deixaram o hotel e o empresário do clube espanhol xingava Sandra, achando que ela havia influenciado o goleiro na decisão de permanecer o Brasil. As lágrimas nos olhos de Fábio e Sandra, durante o caminho de volta, foram inevitáveis. Era o sonho do atleta de jogar no futebol europeu.

Eles voltaram para o Brasil, e menos de uma semana depois, Fábio havia renovado contrato com o Cruzeiro, por mais dois anos.

– Voltamos para o Brasil. E foi quando ele renovou com o Cruzeiro. O Senhor nunca nos permitiu sair do Cruzeiro – conclui Sandra.

Fábio e o Milan

A situação se repetiu em 2010. Mas dessa vez, o clube interessado era o poderoso Milan, da Itália. Sandra, Fábio e o empresário do jogador já haviam conversado, e a transferência para o futebol italiano estava muito bem encaminhada. No entanto, a mulher do goleiro contou um episódio que mudou o rumo das negociações.

– A gente estava na igreja e só eu, o empresário e o Fábio sabíamos da negociação, porque a gente resguarda muito esse tipo de situação. Era uma semana decisiva e um senhor chegou e disse para o Fábio: “Deus manda dizer que esse time vermelho e preto que você está negociando não é o que Deus quer para sua vida”- conta Sandra, emocionada.

O senhor deu o recado e foi embora. A frase foi suficiente para Fábio. O goleiro mudou de opinião e decidiu recusar a proposta do Milan. Novamente ele renovou com o Cruzeiro.

O conselheiro

Não é preciso muito esforço para perceber que Fábio é um homem muito religioso. O jogador sempre cita Deus em suas entrevistas e faz questão de apontar para os céus a cada defesa durante os jogos. Enquanto o Cruzeiro conquistava o Brasil com um futebol envolvente, nos bastidores do clube borbulhavam reuniões religiosas entre jogadores e as famílias dos atletas.

O sobrinho Lucas acredita que Fábio relaciona o futebol com a religião de uma maneira muito natural.

– Ele fala com muito carinho. Você percebe que ele não força nada. É a gratidão que ele tem por tudo que Deus fez na vida dele.

Independentemente da religião, os jogadores e a comissão técnica do Cruzeiro tem feito da fé, nos dois últimos anos, um dos principais aliados para o bom futebol apresentado dentro de campo. Longe da Toca da Raposa e dos jogos, os atletas se reúnem, muitas vezes, na casa de Fábio, para cultos religiosos.

– Geralmente os times têm as panelinhas, um grupinho aqui, um grupinho ali, mas no Cruzeiro não, é todo mundo unido – revela o amigo Régis Danese, que participa da maioria das reuniões na casa de Fábio e Sandra.

Em 2014, em alguns desses encontros, os jogadores Marcelo Moreno e Willian Farias, bem como suas mulheres, se converteram à religião evangélica. Eles entraram para um grande grupo de jogadores evangélicos do Cruzeiro, que conta com Fábio, Rafael, Elisson, Ceará, Léo, Bruno Rodrigo, Samudio, Tinga, Marlone, Dagoberto e Willian, dentre outros.

E Fábio tem grande participação neste processo de mudança de comportamento do grupo. Além de ser uma liderança dentro de campo, com a faixa de capitão, o goleiro atua como conselheiro fora das quatro linhas. O atleta ajuda os companheiros com orientações financeiras e na solução de problemas conjugais.

Com contrato até abril de 2016, Fábio quer se aposentar no Cruzeiro. Até lá ele espera conquistar outros título e bater a marca para tornar o jogador que mais atuou pelo clube.

(com informações do Globo Esporte)

Nenhum comentário:

Postar um comentário